O novo Ashram minimalista

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

À espera de que nada aconteça

Retomando os ritmos da plebe local, vejo recrudescer a ressonância messiânica no apego com que as conversas vão gravitando para as turras televisadas entre os caciques – mais uma vez.
Na segunda linha, dos debates exangues entre partidários, por exemplo aqui na blogosfera, repassa contudo um enorme tédio, e aquela forma subtil de desapontamento helenístico que, na inspirada lírica de Kavafis, fazia dos bárbaros invasores (que não chegaram a aparecer) uma espécie de solução para uma existência colectiva sem emoções, sem pontos focais, sem mobilizações, sem História.
No fim, aqui pela terrinha a memória de uma ditadura e de uma ameaça de guerra civil continuam a vacinar-nos para tendências genuinamente messiânicas. Parece que trazemos, como cartilha apertada ao peito, a lapidar advertência de W.B. Yeats (The Second Coming):


Things fall apart; the centre cannot hold;
Mere anarchy is loosed upon the world,
The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere
The ceremony of innocence is drowned;
The best lack all conviction, while the worst
Are full of passionate intensity.

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