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Depois, enquanto no resto do país qualquer lugarejo se mobilizava para ter tratamento de cidade, no Algarve proliferaram os aldeamentos, adequadamente designados como aldeias: ele era a Aldeia do Sotavento, a Aldeia da Alfarroba, a Aldeia do Arade. Para os mais radicais havia mesmo Cabanas, a denotar o genuíno anelo tropical – e a sábia vontade de despromoção urbana.
Mais recentemente o Algarve tornou-se, por alguns tempos, de uma simplicidade extrema, pois passou a dividir-se, por oportuno rebaptismo, em duas categorias somente: os Vales e as Vilas (vou dispensar quase até ao fim a duplicação dos LL, uma praga também local, agora transplantada para a própria designação da região): por um lado, Vale da Coelha, Vale do Carrapato, Vale da Alfarroba – Vales esses desembocando geralmente em Quintas, o topo de gama, com vista para o mar; e, por outro lado, a Vila Marinha, a Vila Quaresma, a Vila Alfarrobeira – Vilas geralmente entremeadas com os Vales, de modo a formar-se um contínuo de Sagres até Espanha.
Desgraçadamente, toda essa dualidade simplicíssima veio a desfazer-se com a introdução de complicações desnecessárias: os Vales e as Vilas ainda lá estão, omnipresentes, mas agora entrecortados por menções a SPAs, totalmente postiças, e de menções a «Vitas», totalmente enigmáticas*.
Villa Vita, Valle do SPA, Barlavento SPA, Vita Palace de Estômbar, Sotavento Beach Vita, é nestes preparos que o Allgarve pretende «reinventar-se» como paraíso dos trolhas britânicos (para um trolha britânico o paraíso são dois dias seguidos com Sol): pode ser que entre eles venha, perdido num charter com bilhetes a vinte libras, o velho Ockham, a impor a repristinação da simplicidade toponímica, ao menos para benefício do indígena português, que suspeito que andará tão confuso como eu.
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* Omito «Parks», «Gardens», «Clubs» e «Resorts» – mas apenas porque esses não são peculiarmente algarvios, já possuem estatuto nacional.
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