Crónicas Estivais: Dia 19

O Sr. Moita Flores é assim uma coisa boliviana, ou paraguaia, que irrompeu na política e nos meios de comunicação portugueses. Em seu abono, nunca mandou matar ninguém para arranjar assunto para as suas varatojices televisivas, mas em contrapartida o compêndio de inanidades e de paranóias xenófobas que debitou a propósito de casos mais ou menos célebres (a Maddie em especial) assegura-lhe, por si só, um poder de monopólio num país em que, nessa matéria, a concorrência é fortíssima.
Que o Sr. Moita Flores morderia na mão que lhe dá pão, isso só o não adivinharam o Alf, o ET e mais um punhado de imbecis que, arvorados em timoneiros do PSD, parecem ter chegado há pouco tempo ao planeta Terra e parecem não ter ainda critério para distinguir, nem pelo olfacto, a fruta boa da má.
Uma investigação de alguns minutos bastaria para descobrir a trajectória como Vice-Reitor de uma Universidade célebre, ou para sondar algumas peculiares tribulações e sucessos nos seus múltiplos desdobramentos de «relações públicas». Mas não, das torres ebúrneas soerguidas entre as brenhas do «país real» os baronetes sociais-democratas julgaram ter descoberto um cacique, e lá que num primeiro momento o arranjinho resultou, isso resultou: mas era fácil adivinhar que a sede de poder, de protagonismo – e sim, do pilim, que há projectos fundiários, entre os sobreiros, para pagar e manter – mais tarde ou mais cedo alterariam o «cenário».
A minha solidariedade, portanto, e em conclusão, para o Sr. Moita Flores. O povo já não quer a pulseira Pulrai nem a Jóia Magnética do Norte – quer Maddie, quer a Pequena Joana, quer assaltos "à mã armada", quer escândalos de futebol, quer insinuações de que todos os brasileiros que cá residem são reconditamente bandidos, quer a corte de desgraças consignadas nos tablóides, e a renda que isso assegura tem que ter contrapartidas. Se o PSD não as dá, que se lixe o intermediário, que há sempre forma de vender directamente ao povo.
A minha solidariedade, portanto, e de novo, para o Sr. Moita Flores. O PSD é fundamentalmente um partido de cobardes (passe a redundância, já que o mal é de todos os partidos), pelo que mais tarde ou mais cedo são eles que cederão, para grande honra e proveito do «criminologista» (ou lá como é que ele se auto-intitula). E as minhas desculpas à Bolívia e ao Paraguai, que entretanto evoluíram.