Todos os da minha geração transportam um mini-Woodstock embebido nas regiões do cérebro de onde emanam trauteios, saudades, devaneios românticos, desafios à marginalidade e, mais importante, regiões nas quais reside o bastião irredutível da imaturidade que nunca deixa de ir colorindo, ao longo da vida, a nossa identidade pessoal. Esse mini-Woodstock é, por outras palavras, a frivolidade contrafactual com que suportamos esta vida pardacente na qual Woodstock não (nos) aconteceu.
É isso, por sinal, que leio no melhor hino a Woodstock, composto por uma ausente, Joni Mitchell (que no último minuto resolveu não acompanhar Crosby, Stills & Nash).
Na neblina do tempo está também, embora mais recente, a longa soirée de visionamento do documentário sobre Woodstock, numa sala do Quarteto apinhada de tudo o que era freakalhada lisboeta de finais de 70 (uma espécie de degeneração dos betinhos do Vá-Vá, ali tão perto, que tinham derivado para a ganza por não se terem deixado seduzir pela sereia esquerdista – hoje parece que só o Jorge Palma ainda empunha esse facho, um romântico anacronismo de um combate de costumes que era propositadamente apolítico).
Cheguei ao fim daquela soirée cansado, mas motivado pela celebérrima reconstrução, já no final, de «Star-Spangled Banner» pela guitarra de Jimi Hendrix – um exercício contrapontístico de saturação sonora cujos ecos ribombam ainda, tantos decénios após, no mini-Woodstock contrafactual com que evoco a minha juventude e um mundo com outros valores, um mundo com mais valores.
É isso, por sinal, que leio no melhor hino a Woodstock, composto por uma ausente, Joni Mitchell (que no último minuto resolveu não acompanhar Crosby, Stills & Nash).
Na neblina do tempo está também, embora mais recente, a longa soirée de visionamento do documentário sobre Woodstock, numa sala do Quarteto apinhada de tudo o que era freakalhada lisboeta de finais de 70 (uma espécie de degeneração dos betinhos do Vá-Vá, ali tão perto, que tinham derivado para a ganza por não se terem deixado seduzir pela sereia esquerdista – hoje parece que só o Jorge Palma ainda empunha esse facho, um romântico anacronismo de um combate de costumes que era propositadamente apolítico).
Cheguei ao fim daquela soirée cansado, mas motivado pela celebérrima reconstrução, já no final, de «Star-Spangled Banner» pela guitarra de Jimi Hendrix – um exercício contrapontístico de saturação sonora cujos ecos ribombam ainda, tantos decénios após, no mini-Woodstock contrafactual com que evoco a minha juventude e um mundo com outros valores, um mundo com mais valores.
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