O novo Ashram minimalista

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A Crónica que não escrevi: Eu e os Livros, VIII


"A tipografia interessa-lhe, não é?", e eu lembro-lhe a nossa anterior conversa sobre William Morris. "Então já cá voltamos, vamos à sala petiscar qualquer coisa e eu mostro-lhe uma modernice impressa em 21 tipos diferentes". Subestima-me novamente; já sei que é o «Tesouro dos Tipófilos» de Paul Bennett, mas prefiro não lhe estragar a surpresa.
"Descrevamos assim um livro imaginário, como Borges em El acercamiento a Almotásim, ou um livro que absorve e consome todos os outros, como Borges em El libro de arena. Não há apenas o Borges da Biblioteca de Babel, de que todos falam. O outro está cheio de implicações, e algumas tão anti-livrescas como as mais fortes tiradas de Jean-Jacques Rousseau ou da distopia do Fahrenheit 451"
"Como em Utopía de un hombre que está cansado, na qual só se lê um único livro e se lamenta o lixo produzido com tanta edição", completo o meu interlocutor, que fica surpreendido pela pertinência desta última alusão borgesiana. E acrescento "Para mim um bom livro imaginário teria tudo escrito na capa, e nas páginas pululariam os «petits fers» ornamentais, um livro às avessas".
"A morte do livro, portanto?"
+++
(continua: com judiciosas observações sobre tipografia e tipofilia, encaminhando-se para uma peripeteia no Paço de Vilarinho das Paranheiras)

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