O novo Ashram minimalista

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A Crónica que não escrevi: Eu e os Livros, III

É uma não-visita, uma visita que podia ter sido mas «morreu na praia»: são as memórias que Salazar não escreveu, para usarmos o título de Albano Estrela, e o meu anfitrião não parece muito empenhado em termos retributivos. O gosto pela bizarria bate o pleno quando me propõe simultaneamente o manuseio (não o empréstimo, evidentemente) de António de Oliveira, O Levantamento Popular de Arcozelo em 1635 ("que acha?", solene) e de Joana Lopes Alves, Roteiro das Pedras das Costas da Ericeira e Cascais pelo Pescador Fernandes Brites ("sei que lhe interessa").
Replico com uma insinuação transparente: "o que não vi ainda aqui é a Beneditina Lusitana de Frei Leão de São Tomás...". "Aquela do Mattoso? Escapou-me na altura e nunca mais pensei nisto", responde-me muito timidamente, sem captar aparentemente a alusão. "Mas sentemo-nos, não vai recusar um golinho de Favaios".
Sentamo-nos. "E que tal as «forgeries», os apócrifos, lembro-me de termos falado disso em sua casa, interessam-lhe?" A conversa evolui para as Quybyrycas de Grabato Dias, o falso poema de Camões, "É como as pedras de armas por estes solares estrada acima, não é?". Não sei se não será uma indirecta.

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