Penso naquele não-rural ali exilado, exposto à rudeza colectivista das manhãs de neblina na terra impiedosa, e lembro-me de uma leitura recente sobre o Chaparral de Monforte da Beira, de Francisco Goulão (1996).
Perdi o acesso aos reservados com aquela armadilha inicial, e tento aliciá-lo com alusões a Menéndez y Pelayo e aos heterodoxos espanhóis. "Um tema inesgotável", morde o isco, aparentemente, "mas isso eram coisas para o Baquero Moreno, conhece aquele magnífico trabalho sobre Exilados, Marginais e Contestatários na Sociedade Portuguesa Medieval?".
Ele sabe que, por razões muito próprias, a alusão me irrita, e replico "não me lembro, só me está a ocorrer aquela outra do Palma Ferreira sobre o Pícaro na Literatura Portuguesa". Ele ri-se, surpreendido com a associação de ideias, e eu sinto que o sanctus sanctorum está mais próximo.
Tínhamos combinado que eu passaria em casa dele a devassar-lhe o espólio, a retribuir uma visita de teor similar que ele fizera à minha, e que correra particularmente bem, com passagens do Kansai a Shikoku, para evocarmos a sombra de Venceslau de Morais. Repito a frase em voz alta, distraidamente, "do Kansai..." e ele procura, por livre associação, mais alguns títulos nesta antecâmara "Carvalhão Buescu, O Estudo das Línguas Exóticas no Século XVI, conhece? E este? Nunes Carreira, Do Preste João às Ruínas da Babilónia: Viajantes Portugueses na Rota das Civilizações Orientais...?".
Oferece-me café – mas eu, pelo cheiro da cevada, declino. Começo a sentir-me desapontado, receei que as coisas tomassem este rumo e que ele tivesse um daqueles acessos de proprietário exclusivo e ciumento que sente as suas posses em perigo pelo simples olhar alheio.
Perdi o acesso aos reservados com aquela armadilha inicial, e tento aliciá-lo com alusões a Menéndez y Pelayo e aos heterodoxos espanhóis. "Um tema inesgotável", morde o isco, aparentemente, "mas isso eram coisas para o Baquero Moreno, conhece aquele magnífico trabalho sobre Exilados, Marginais e Contestatários na Sociedade Portuguesa Medieval?".
Ele sabe que, por razões muito próprias, a alusão me irrita, e replico "não me lembro, só me está a ocorrer aquela outra do Palma Ferreira sobre o Pícaro na Literatura Portuguesa". Ele ri-se, surpreendido com a associação de ideias, e eu sinto que o sanctus sanctorum está mais próximo.
Tínhamos combinado que eu passaria em casa dele a devassar-lhe o espólio, a retribuir uma visita de teor similar que ele fizera à minha, e que correra particularmente bem, com passagens do Kansai a Shikoku, para evocarmos a sombra de Venceslau de Morais. Repito a frase em voz alta, distraidamente, "do Kansai..." e ele procura, por livre associação, mais alguns títulos nesta antecâmara "Carvalhão Buescu, O Estudo das Línguas Exóticas no Século XVI, conhece? E este? Nunes Carreira, Do Preste João às Ruínas da Babilónia: Viajantes Portugueses na Rota das Civilizações Orientais...?".
Oferece-me café – mas eu, pelo cheiro da cevada, declino. Começo a sentir-me desapontado, receei que as coisas tomassem este rumo e que ele tivesse um daqueles acessos de proprietário exclusivo e ciumento que sente as suas posses em perigo pelo simples olhar alheio.
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