O novo Ashram minimalista

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Os blogues de combate: duas ou três frentes?

Um apanhado geral do estado da blogosfera nacional é coisa que não farei, por falta de vocação e de paciência. Em todo o caso, gostaria de notar, como factor muito negativo, a predominância esmagadora do «registo» político, este enamoramento com a coisa política que, mais do que tudo, denota a pobreza cultural da nossa burguesia. Passo por alguns blogues «de combate» da minha antiga «família ideológica» e a pobreza é confrangedora, repetem-se molemente os mesmos chavões infantis, medem-se ainda os galões e divisas de velhas fardas mandadas fazer quando se julgava que iria haver guerra civil, e tudo se consome num bafiento e exangue tributo aos mortos, com indiferença, se não mesmo aversão, a tudo o que soe a futuro.
Os blogues «de esquerda» continuam a distilar os seus complexos de inferioridade, proclamando em tom revanchista a sua visão paranóica do mundo, um mundo de grandes conspirações e de grandes humilhações, suportado, já não por Atlas, mas pelo grande «passa-culpas» em que se tornou o «papão Yankee». Dizem-me que há um «tertium genus», mas verdadeiramente acho que estes dois géneros já são bastantes para ilustrar a pobreza referencial de quem se obstina a ver o mundo através do filtro das ideologias (mesmo as caducas, ou especialmente as caducas) e dos chavões e preferências do mais analfabeto dos jornalistas ou do mais embrutecido «fazedor de opinião».
Um «tertium genus»? Mas não é aquela rapaziada que gravitava em torno de Paulo Portas? Prefiro, mesmo assim, os escuteiros de esquerda e os escuteiros de direita – são menos equívocos, parecem-me menos venais.



(nas fotos: Balillas no Camões)

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