Mandou-me um SMS e desejar-me um bom ano, e eu não hesitei em responder-lhe com um telefonema, felicitando-o pelo Ano Novo Anti-Tabágico que aí vem.
O caso de J. é verdadeiramente exemplar: há uma meia dúzia de anos, recém-licenciado, entrou para um empresa que o pôs a trabalhar, em «open space», com um ranchinho de fumadores. Ele, um desportista federado, insurgiu-se, abria as janelas que os colegas voltavam imediatamente a fechar, e que ele voltava logo de seguida a abrir, seguindo-se ameaças recíprocas, etc., etc. O que há de especial é que os chefes eram também eles fumadores inveterados, sendo por isso que as queixas deram início a um longo período de «assédio moral», de prepotências e discriminação, culminando, perante a firmeza dele, num processo disciplinar e no despedimento. Seguiu-se uma batalha judicial muito dura e feia, que só não terminou mal porque eu e mais umas quantas testemunhas conseguimos convencer o juiz das verdadeiras raízes do conflito laboral. Recebeu uma boa indemnização e obviamente não quis ser reintegrado.
«Estás de Parabéns, J.!» e ele replicou «Não sei, há dez anos é que esta lei me teria feito falta», e acrescentou «e mais falta ao pai de um amigo meu que morreu há poucos meses com um cancro no pulmão – o típico fumador passivo, muitos anos de barman em discotecas».
Não percebo que pessoas inteligentes continuem sem perceber que o direito de fumar tem necessariamente que ceder perante o direito das vítimas: quer aquelas que são directamente sujeitas à externalização do fumo, quer aquelas que, no serviço nacional de saúde, cedem o seu lugar ao tratamento prioritário de algumas sequelas do tabagismo em fumadores activos. Se e quando o poder é atribuído a estes fumadores activos, as consequências podem ser muito graves – como o foram com o meu amigo J. – ou catastóficas, como o são para milhares de fumadores passivos todos os anos.
Tudo o que passe disto não passa de retórica de vitimização – a mais eficiente e romântica linha de defesa dos culpados, e por isso mesmo, de todas, a mais banal: em especial quando coexiste com o silêncio dos inocentes.
O caso de J. é verdadeiramente exemplar: há uma meia dúzia de anos, recém-licenciado, entrou para um empresa que o pôs a trabalhar, em «open space», com um ranchinho de fumadores. Ele, um desportista federado, insurgiu-se, abria as janelas que os colegas voltavam imediatamente a fechar, e que ele voltava logo de seguida a abrir, seguindo-se ameaças recíprocas, etc., etc. O que há de especial é que os chefes eram também eles fumadores inveterados, sendo por isso que as queixas deram início a um longo período de «assédio moral», de prepotências e discriminação, culminando, perante a firmeza dele, num processo disciplinar e no despedimento. Seguiu-se uma batalha judicial muito dura e feia, que só não terminou mal porque eu e mais umas quantas testemunhas conseguimos convencer o juiz das verdadeiras raízes do conflito laboral. Recebeu uma boa indemnização e obviamente não quis ser reintegrado.
«Estás de Parabéns, J.!» e ele replicou «Não sei, há dez anos é que esta lei me teria feito falta», e acrescentou «e mais falta ao pai de um amigo meu que morreu há poucos meses com um cancro no pulmão – o típico fumador passivo, muitos anos de barman em discotecas».
Não percebo que pessoas inteligentes continuem sem perceber que o direito de fumar tem necessariamente que ceder perante o direito das vítimas: quer aquelas que são directamente sujeitas à externalização do fumo, quer aquelas que, no serviço nacional de saúde, cedem o seu lugar ao tratamento prioritário de algumas sequelas do tabagismo em fumadores activos. Se e quando o poder é atribuído a estes fumadores activos, as consequências podem ser muito graves – como o foram com o meu amigo J. – ou catastóficas, como o são para milhares de fumadores passivos todos os anos.
Tudo o que passe disto não passa de retórica de vitimização – a mais eficiente e romântica linha de defesa dos culpados, e por isso mesmo, de todas, a mais banal: em especial quando coexiste com o silêncio dos inocentes.
2 comentários:
Os fumadores devem ter a paciência que os não fumadores tiveram ao longo de todos ests anos em que foram obrigados a fumar o fumo dos outros.
Um Bom ano de 2008.
Mais do que paciência rui caetano, os fumadores devem ter respeito!
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