O novo Ashram minimalista

domingo, 2 de setembro de 2007

Cronica de Agosto 28 - Fim de festa e Somerset Maugham

Últimas leituras de Verão, algo inapropriadamente rematadas pela horrífica e desesperante descrição de Treblinka (melhor, de Treblinka II) por Vasily Grossman (A Writer at War, pp. 280ss.), um dos primeiros a chegar à libertação do campo de extermínio, a tempo de entrevistar logo ali diversas testemunhas (o relato dos Wachmänner ucranianos que colaboravam na remoção dos corpos é do mais brutal que tenho lido).
Espero ainda fazer caber nestes últimos dias a prometida leitura de Jonathan Spence, Treason by the Book, e assim o périplo iniciado no Japão termina na China.
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Um delicioso almoço, uma caldeirada de peixe riquíssima em raia e safio, reconcilia-me com a caldeirada depois de uma vida inteira a fazer triagem de espinhas em pratos apresentados com aquela designação. Afinal existe uma boa caldeirada, feita com simplicidade por gente simples, uma caldeirada despretenciosa e honesta, o pior é ter que desmoer / jiboiar a quantidade de comida.
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A quebra de rotina, a sua substituição por uma rotina diferente, funciona perfeitamente como uma libertação: li uma parte da pilha de livros que trazia, mas o suficiente para, em fins de tarde e noites muito silenciosas e suaves, embalado pela solene cadência das ondas a menos de 50 metros da minha sala, completar as impressões do dia com estas viagens intelectuais, o «pacote» completo de férias relaxantes e iluminadoras, o meu Ashram marinho (a propósito, em Lisboa hei-de reler o Fio da Navalha, de Somerset Maugham, ao qual fui buscar, in illo tempore, esta ideia ocidentalizada e pagã do Ashram, o Ashram indiano que desempenha um papel tão fulcral naquele livro).

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