O novo Ashram minimalista

domingo, 2 de setembro de 2007

Cronica de Agosto 21 - Leituras em wireless: Arts & Letters / Blogosfera

Desanimado com as limitações do wireless local (nada de e-mail, nem sequer a consulta, nada de comunicações bilaterais), aproveito para colocar em dia algumas leituras, em especial por via do A&L_Daily:
1) O Sermão da Montanha, numa extraordinária e inspiradora exegese das bem-aventuranças
AQUI
2) Uma reflexão sobre cosmologia (e o excesso de parâmetros independentes) AQUI. Remata com uma muito boa citação de Daniel Boorstin: "The great obstacle to discovering the shape of the Earth, the continents and the oceans was not ignorance but the illusion of knowledge. Imagination drew in bold strokes, instantly serving hopes and fears, while knowledge advanced by slow increments and contradictory witnesses".
3) Uma recensão do livro de Frédéric Martel, De la Culture en Amérique (Gallimard, 2006), uma reflexão um pouco mais extensa e profunda (e honesta?) sobre o que significa «cultura» dos dois lados do oceano AQUI. Uma corajosa denúncia do mito de que o cidadão médio norte-americano é inculto e infantil – o mito com que se delicia a decadente (e cada vez mais inculta) Europa.
4) Uma reflexão sobre biografia, um género gloriosamente descurado entre nós (com a honrosa excepção de Pacheco Pereira e pouco mais), no New Yorker AQUI. 4a) Ninguém é herói aos olhos do seu camareiro – mas deve o público ser servido com as miudezas anti-heróicas da privacidade? 4b) Viver em Paris, ter inúmeras amantes belíssimas, morrer num desastre de carro – fez de Albert Camus o autor de L'Étranger?
5) O apelido Himmler: as reflexões da sobrinha-neta sobre o destino, as diferenças e as sinistras semelhanças e aproximações, dos irmãos Himmler: Ernst (o avô), Gebhard e Heinrich. AQUI
6) Tribulações da indústria musical – depois de anos de arrogante exploração da dependência tecnológica do público.AQUI Andam apertados com as vendas de CDs, mas despacham bem, a 20 dólares, t-shirts que lhes custam alguns cêntimos de mão-de-obra escrava, e cobram preços astronómicos pelos espectáculos ao vivo (mesmo que eles sejam crescentemente «playbacks»).
7) Tony e Carmela, os reis pequeno-burgueses de New Jersey – Ou, a Mafia pós-moderna: "At the start The Sopranos had the piquancy of a new invention. Television had fostered a claustrophobia of hemmed-in expectations, a culture of flat character types and pat endings. The space into which The Sopranos inducted us had the messy picaresque randomness of the real world, yet every detail—every tune heard in passing, every remark overheard at the next table, every artifact glimpsed in the background of a crowded room—glistened as if singled out with obsessive mindfulness. In texture and form it seemed something altogether new to television." AQUI
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Entretanto, no pequeno círculo que frequento da blogosfera:
1) Reflexões sobre o verão (com nortada) AQUI e AQUI
2) Hábitos não-jansenistas à mesa AQUI (já uma vez confessei que a falta de educação no tratamento com empregados de mesa é uma das coisas que me faz instantaneamente cortar relações com alguém) e o velho drama das mentes fracas que precisam desesperadamente de acreditar em coisas lineares e simples AQUI
3) Os dramas de um homem livre dentro de um redil que, ironicamente, julga estimá-lo (há formas muito obtusas de consideração, e há instituições que nasceram com vocação para eucaliptos) AQUI
4) Das ostras a Dorothy Parker, o arco completo da criação – ou seja, da brutidão do molusco ao fulgor do espírito pós-freudiano AQUI
5) Balzac a cafés e gatos AQUI.

1 comentário:

O Réprobo disse...

Obrigado pela referência. Como também já vi dito pelo Caro Jans, "está tudo ligado". Irra, que fez por cá uma falta danada.
Abraço

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