Não é muito comum divergir do Confrade Combustões, mas desta vez a discordância é frontal e profunda quanto a duas premissas da sua análise acerca daquilo que ele designa como o «encarniçamento contra a China» (LER).
1º ---
Criticar-se o despotismo, a desumanidade e o pendor imperialista dos líderes de Pequim não é ser-se contra a China, mas bem o contrário: é ser-se pela China, é depositar-se a esperança de que ela possa libertar-se o mais breve possível do jugo daqueles bandidos.
Claro que é muito comum os déspotas tomarem os seus povos como reféns e tentarem sustentar que qualquer ataque aos seus poderes é um ataque contra o povo que eles presumem de liderar.
- Essa não aceito, nunca aceitei: criticar Arafat ou os bandidos que lhe sucederam na opressão e no roubo do povo palestiniano não é atacar o povo palestiniano, é tentar defendê-lo; criticar os cleptocratas angolanos não é atacar Angola, é procurar defendê-la; explicar que género de gente lidera a Fretilin não é dizer mal dos timorenses, mas sim o contrário; censurar os talibãs e apoiar o combate que lhes é movido não assenta em qualquer censura ao povo afegão, mas precisamente o oposto.
- Dito isto: por mim, nunca confundi a milenar cultura chinesa, que respeito, e os povos chineses, com que simpatizo, com a camarilha maoísta que quase conseguiu destruir aquela cultura e praticamente reduziu esses povos à mais abjecta servidão.
2º ---
Pensar-se que existe uma «ecologia civilizacional» refractária a certos valores morais mínimos é cair-se no mais paralisante relativismo, que deixa rédea solta a todos os desmandos, e duplamente vitimiza aqueles que tenham a má dita de se encontrar do lado errado da trincheira.
- Sempre me manifestei contra dualidades de critérios, e recordo-me de ter criticado claramente pessoas como Vital Moreira que, a propósito do fanatismo islâmico, precisamente vieram sugerir a existência de dois padrões distintos, e alegadamente incomunicáveis, de moralidade.
- Assim: se as autoridades chinesas consideram que o crime económico se combate a tiro na nuca, isso é uma monstruosidade moral e jurídica em qualquer latitude e longitude; se as autoridades chinesas insistem na experimentação demográfica que leva ao aborto e infanticídio de milhões de seres humanos do sexo feminino, isso é uma abominação inenarrável em qualquer parte do mundo.
- Por fim: se as autoridades chinesas, não satisfeitas dos crimes contra a cultura e contra a liberdade dos seus povos, entendem estar no direito de atentarem contra culturas e povos geograficamente contíguos, como é o caso do Tibete, acho que qualquer consciência bem formada deve clamar a sua indignação (por muito que, como é o meu caso, não nutra grande simpatia também pelos teocratas tibetanos).
Um tal protesto, entenda-se bem, começa por ser uma proclamação de simpatia, e não apenas pelo povo tibetano: mas sim, e talvez sobretudo, pelo próprio povo chinês.
O povo chinês libertado deste bando de cripto-comunistas seria mais forte, e não mais fraco: e a prova é a de que a China está hoje mais forte do que há 30/40 anos – altura em que a opressão era incomensuravelmente maior e a demolição cultural batia o seu pleno, às mãos dos «guardas vermelhos».
1º ---
Criticar-se o despotismo, a desumanidade e o pendor imperialista dos líderes de Pequim não é ser-se contra a China, mas bem o contrário: é ser-se pela China, é depositar-se a esperança de que ela possa libertar-se o mais breve possível do jugo daqueles bandidos.
Claro que é muito comum os déspotas tomarem os seus povos como reféns e tentarem sustentar que qualquer ataque aos seus poderes é um ataque contra o povo que eles presumem de liderar.
- Essa não aceito, nunca aceitei: criticar Arafat ou os bandidos que lhe sucederam na opressão e no roubo do povo palestiniano não é atacar o povo palestiniano, é tentar defendê-lo; criticar os cleptocratas angolanos não é atacar Angola, é procurar defendê-la; explicar que género de gente lidera a Fretilin não é dizer mal dos timorenses, mas sim o contrário; censurar os talibãs e apoiar o combate que lhes é movido não assenta em qualquer censura ao povo afegão, mas precisamente o oposto.
- Dito isto: por mim, nunca confundi a milenar cultura chinesa, que respeito, e os povos chineses, com que simpatizo, com a camarilha maoísta que quase conseguiu destruir aquela cultura e praticamente reduziu esses povos à mais abjecta servidão.
2º ---
Pensar-se que existe uma «ecologia civilizacional» refractária a certos valores morais mínimos é cair-se no mais paralisante relativismo, que deixa rédea solta a todos os desmandos, e duplamente vitimiza aqueles que tenham a má dita de se encontrar do lado errado da trincheira.
- Sempre me manifestei contra dualidades de critérios, e recordo-me de ter criticado claramente pessoas como Vital Moreira que, a propósito do fanatismo islâmico, precisamente vieram sugerir a existência de dois padrões distintos, e alegadamente incomunicáveis, de moralidade.
- Assim: se as autoridades chinesas consideram que o crime económico se combate a tiro na nuca, isso é uma monstruosidade moral e jurídica em qualquer latitude e longitude; se as autoridades chinesas insistem na experimentação demográfica que leva ao aborto e infanticídio de milhões de seres humanos do sexo feminino, isso é uma abominação inenarrável em qualquer parte do mundo.
- Por fim: se as autoridades chinesas, não satisfeitas dos crimes contra a cultura e contra a liberdade dos seus povos, entendem estar no direito de atentarem contra culturas e povos geograficamente contíguos, como é o caso do Tibete, acho que qualquer consciência bem formada deve clamar a sua indignação (por muito que, como é o meu caso, não nutra grande simpatia também pelos teocratas tibetanos).
Um tal protesto, entenda-se bem, começa por ser uma proclamação de simpatia, e não apenas pelo povo tibetano: mas sim, e talvez sobretudo, pelo próprio povo chinês.
O povo chinês libertado deste bando de cripto-comunistas seria mais forte, e não mais fraco: e a prova é a de que a China está hoje mais forte do que há 30/40 anos – altura em que a opressão era incomensuravelmente maior e a demolição cultural batia o seu pleno, às mãos dos «guardas vermelhos».
Nenhum «fantasma de colapso» justifica a servidão, e nenhum povo nasceu para ser escravizado ou tem isso inscrito na sua «natureza»: isso na China, no Tibete ou em qualquer parte do mundo.
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