O novo Ashram minimalista

domingo, 27 de março de 2011

Vamos aos chineses, como diz Futre


Cá pela estranja olha-se para Portugal com um misto de condescendência e de ironia – não deixa de se ler os achincalhos de artigos como o do WSJ, e as pessoas perguntam o que é que fizemos da entrada para o paraíso que dissemos a todo o mundo que seria a nossa adesão à EU. Olham para nós como nós próprios olhamos para o Paulo Futre: vêem-nos a esbracejar no meio de uma verborreia incongruente e, mal contendo o riso, perguntam-nos o que fica de concreto em conclusão de tão grandiloquente e duradoura proclamação de desígnios proto-providenciais.
Sou acometido de um sentimento que não experimentava desde os idos de 1975: sinto uma certa vergonha de ser português, de viver no meio de cafres que, ansiosos de salvação, se agitam na escolha entre velhos e novos coveiros, como se entre novos e velhos houvesse mais diferença do que a da vez na alternância com que vão assestando a sacholada, com que vão afundando a cova.

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