O novo Ashram minimalista

quinta-feira, 10 de março de 2011

Tudo passa (ainda os Homens da Luta)


Curiosa a repulsa "old money" da ex-juventude, entretanto amesendada, nédia-pingue na sua barbacã de privilégios, contra a juventude "new money" que se abeira dos contrafortes.
Não menos típico que o que é inteiramente novo seja incompreendido pelo paradigma "incumbente". Do género: "Então esta canalha irreverente anda a querer agitação e demonstra falta de respeito? Ao menos que o façam como nós fizemos, atordoando-nos com tabaco e álcool e outras substâncias, entre luzes psicadélicas e ao batuque do "radical chic"! Escarnecem de tudo, não há respeitinho? Ao menos que o façam com o desdém auto-complacente com que nos julgámos fin-de-siècle, versados em mundanidades! Ao menos não os deixem entrar no Lux-Frágil, não lhes ensinem a comer sushi!"
Repetimos incessantemente essa tensão geracional, um dia acordamos velhos (os que não nasceram já velhos) e o mundo aparece-nos mais desestruturado, mais avacalhado, mais entrópico. A moral parece-nos dissoluta, as certezas parecem esvaídas, refugiamo-nos irreversivelmente na harmonia retrospectiva de lembranças.
Mas não foi tanto o mundo que mudou.
O que mudou fomos nós, estamos velhos, estamos a sair de um mundo que não pára, que não nos isenta, que nos persegue e por fim nos mata e nos substitui, mesmo no interior das mais impregnáveis e ebúrneas torres de menagem.
 

3 comentários:

Je Maintiendrai disse...

So very true!

M Isabel G disse...

Isso mesmo!

geraldes disse...

"Anche se il nostro maggio
ha fatto a meno del vostro coraggio
se la paura di guardare
vi ha fatto chinare il mento
se il fuoco ha risparmiato
le vostre Millecento
anche se voi vi credete assolti
siete lo stesso coinvolti."
Fabrizio di Andre
Mesmo assim, nos ainda estamos envolvidos nesta situação

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