O momento que mais me impressionou em Les Bienveillantes, em termos literários, é aquele em que, no cerco de Estalinegrado, a linguagem do narrador começa a turvar a congruência, começam a interpor-se umas fantasmagorias, as palavras ficam mais sincopadas e vão perdendo o nexo… até que percebemos que ele foi atingido e está a perder a consciência.
Um belíssimo texto TEXTO suscita-me apenas um reparo: pode a linguagem lúcida acompanhar a resconstituição empática de uma perda de consciência? Pode uma pessoa ver-se a ela própria a cair? Retém a linguagem o seu poderio mágico – designativo, evocativo – até ao fim? Ficam estas dúvidas sobre a artesania narrativa de uma observadora finíssima.
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