No meu modesto entender, há demasiada inteligência a correr nos blogues. Digo-o sem ironia; vejo demonstrações torrenciais de poderes argumentativos, vejo argúcias descontroladas, vejo fineza analítica e agudeza crítica, vejo juízos incisivos e sentenças molares, tudo aos magotes.
Falta porém colorido e joie de vivre, aquela pulsação dos sentidos que não se encontra em palavras, aqueles raios de luz que nos rendem ao silêncio, aquelas irradiações calorosas que não assentam em qualquer demonstração.
Talvez seja mais inteligente (ou meta-inteligente) saber suspender a inteligência quando ela não é chamada ao assunto, quando ornamenta coisas que valem mais sem ornamento. Para parafrasearmos o nosso lírico, a inteligência é uma cativa que não nos deve fazer cativos; e devemos frequentemente passar sem ela para sabermos bem o que somos.
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