O novo Ashram minimalista

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A sombra de Gungunhana

O que vemos de notícias de Moçambique faz ferver o sangue, mas é claro que todas as inferências lógicas e legítimas que a análise da situação autoriza estão hoje bloqueadas pelo "politicamente correcto".
Digamos apenas que é uma sorte, uma imensa sorte, não termos que viver naquele inferno dominado pelo terror, pela iniquidade, pela ostentação – uma jaula gigante entregue à feroz territorialidade primata que demonstra que alguns séculos de esforço pouco fizeram para melhorar milenares hábitos de violência tribal e de exploração da miséria.
No fim, talvez possamos concluir que apenas contribuímos com a erradicação do canibalismo (até ver) e com as armas com que os sobas intimidam (e não tarda nada voltam a matar) os seus súbditos.
Os vencedores desta crise moçambicana serão obviamente, e uma vez mais, aqueles que souberem demonstrar a mais vigorosa crueldade. Vão celebrá-lo, como sempre, com o aprofundamento da iniquidade – ou não fossem eles vizinhos do soba Mugabe e dos sobas que engendraram a Disgrace lapidarmente retratada por J.M. Coetzee.
Pobres mulheres e crianças que têm que suportar aquele inferno. Nós, que estamos de fora, temos uma sorte infinita.

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