O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Illic sedimus et flevimus: um momento órfico



Já outrora exprimi por aqui a minha dívida de amizade para com Domingos Duarte Lima. Pela sua liderança entrei nos domínios mágicos que iam de Palestrina a Bruckner, e entre nós desenvolveu-se uma fugaz mas intensa amizade – que poderia ter-se tornado uma sociedade duradoura se ao menos eu tivesse aderido ao PPD, coisa de que não fui nem seria capaz. Estive no primeiro casamento dele, e relatei já em tempos a pitoresca viagem até Fátima com o velho Prof. Cavaleiro de Ferreira. Depois fomo-nos afastando sem qualquer motivo, pela inércia própria do destino e da rotina.
Vi-o subir muito alto e cair de muito alto, como o camoniano "perdigão", e é sempre com o coração pequenino que vejo o nome dele regressar à ribalta, a arrostar todas as fúrias do burgo.
Desta vez as insinuações foram longe de mais, e só espero que ele, inteligente e hábil como é, não se escude naqueles artifícios amaneirados com que os patifes deste mundo aprenderam a viver na impunidade. No lugar dele prescindia de garantias e presunções e segredos profissionais e trazia tudo a público, tudo ao detalhe, com todos os nomes e todas as implicações; acossado que está, receio que não disponha de muito mais opções ou de espaço de manobra para se livrar da ignomínia mais sórdida e concertada que novamente se acastela contra ele – as fúrias farejam o medo, segui-lo-ão impiedosamente pelas vielas desta babilónia meretrícia da maledicência e do espírito de matilha (a mesma de que fugíamos musicalmente, soerguendo-nos colectivamente aos acordes divinais do "Super Flumina" de Palestrina).

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