Na Zona Sul, nada há mais agradável do que curtir uma prainha no Leblon, caminho de São Conrado.
Problema mesmo é quando o pessoal do morro resolve aparecer (pessoal da Chácara do Céu, sobretudo do Vidigal). É o pânico dos turistas, e mesmo o carioca mais couraçado se afasta, recolhendo os pertences e saltitando em sunga para o mais próximo ponto de ônibus.
O pessoal do morro tem todo o direito de ir à praia. O pessoal que não é do morro tem todo o direito de sair da praia, de não querer permanecer na praia quando os favelados aparecem.
A aflição é que o pessoal do morro precisa do outro pessoal para viver; e precisa que o outro pessoal continue indo à praia, e que o dinheiro não fuja para lá do Jardim de Alah (ali onde a Delfim Moreira vira Vieira Souto e Ipanema começa).
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Lembrei-me destes dois Rios em tensão e simbiose quando li as judiciosas observações do Confrade COMBUSTÕES acerca daquilo que ele designa como o "compacto bolonhês". Há uma universidade que não pode, ou não quer, excluir o morro, mas o morro que desembarca em massa na universidade acaba por degradá-la, ou seja, por submetê-la a denominadores comuns que são muito, muito baixos.
E o paradoxal é que não é essa universidade degradada que atrai o morro – o morro que é autor e vítima desse "efeito de miragem" que, apesar dos solavancos e das inércias e do "compacto bolonhês", continua ainda a associar alguma aura ao Leblon universitário.
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