Não se pode viver apenas de glórias passadas, e os pobres italianos lá se esforçam episodicamente.
Sem muito esforço fornecem-nos as mulheres mais bonitas da Europa (se exceptuarmos todas as não-italianas), e os homens mais bem-vestidos (com uma obsessão ornamental que lhes compensa a virilidade indolente).
Com algum esforço exportaram, com sucesso passageiro, o cinema do povo derrotado; com mais sucesso e mais esforço exportam ainda as berlinas mais sofisticadas e agressivas do mundo.
Do que não transitou ainda para património comum da humanidade destacam-se, como sublimes, algumas criações culinárias (do risotto aos gelados) e algumas rudezas vínicas, cheias de poeira e de sol.
Nos «espíritos» reina, não obstante, o mais desolador sincretismo, a desfazer qualquer unanimidade evocativa. Talvez seja possível beber um golinho de Tuaca e lembrar a costa amalfitana, ou fazer uma saúde com Grappa e tentar esquecer o Festival de San Remo. Mas um país que não só glorifica o Limoncello como deixa até que, para o comércio, ele se americanize como Lemoncello, é um país que não merece ser recordado no sanctus sanctorum da garrafeira (purtroppo).
Diz-se que, por uma questão de respeito, em ocasiões solenes os ingleses servem o nosso valentão Vinho do Porto do seguinte modo: cada um serve o parceiro que está à sua direita, depois serve-se a si mesmo e passa, sem servir, ao parceiro da esquerda (esperando que o parceiro da esquerda o sirva uma segunda vez). O Porto roda, portanto, no sentido horário.
Por mim, sugeria que estas adamadas zurrapas italianas circulassem no sentido anti-horário, em busca do tempo perdido. E que a regra de servir o parceiro fosse, como estrita regra de etiqueta, alegremente desrespeitada – à boa maneira italiana.
Em suma: Grappa, Limoncello e Tuaca – a beber: 1) diluídos em litradas de delicioso espresso; ou 2) quando já se bebeu demasiado de outras coisas e já não se nota a diferença.
Ref.as:
http://www.tuaca.com/
http://it.wikipedia.org/wiki/Grappa
http://it.wikipedia.org/wiki/Limoncello
Sem muito esforço fornecem-nos as mulheres mais bonitas da Europa (se exceptuarmos todas as não-italianas), e os homens mais bem-vestidos (com uma obsessão ornamental que lhes compensa a virilidade indolente).
Com algum esforço exportaram, com sucesso passageiro, o cinema do povo derrotado; com mais sucesso e mais esforço exportam ainda as berlinas mais sofisticadas e agressivas do mundo.
Do que não transitou ainda para património comum da humanidade destacam-se, como sublimes, algumas criações culinárias (do risotto aos gelados) e algumas rudezas vínicas, cheias de poeira e de sol.
Nos «espíritos» reina, não obstante, o mais desolador sincretismo, a desfazer qualquer unanimidade evocativa. Talvez seja possível beber um golinho de Tuaca e lembrar a costa amalfitana, ou fazer uma saúde com Grappa e tentar esquecer o Festival de San Remo. Mas um país que não só glorifica o Limoncello como deixa até que, para o comércio, ele se americanize como Lemoncello, é um país que não merece ser recordado no sanctus sanctorum da garrafeira (purtroppo).
Diz-se que, por uma questão de respeito, em ocasiões solenes os ingleses servem o nosso valentão Vinho do Porto do seguinte modo: cada um serve o parceiro que está à sua direita, depois serve-se a si mesmo e passa, sem servir, ao parceiro da esquerda (esperando que o parceiro da esquerda o sirva uma segunda vez). O Porto roda, portanto, no sentido horário.
Por mim, sugeria que estas adamadas zurrapas italianas circulassem no sentido anti-horário, em busca do tempo perdido. E que a regra de servir o parceiro fosse, como estrita regra de etiqueta, alegremente desrespeitada – à boa maneira italiana.
Em suma: Grappa, Limoncello e Tuaca – a beber: 1) diluídos em litradas de delicioso espresso; ou 2) quando já se bebeu demasiado de outras coisas e já não se nota a diferença.
Ref.as:
http://www.tuaca.com/
http://it.wikipedia.org/wiki/Grappa
http://it.wikipedia.org/wiki/Limoncello
Sem comentários:
Enviar um comentário