O novo Ashram minimalista

sábado, 19 de setembro de 2009

Crónicas Estivais: Dia 28

Daqui a uns dias recomeçará em grande o circo partidário. Ao contrário do que costumam observar os «fazedores de opinião» (gente muito mais inteligente e sofisticada, admito), eu muito modestamente entendo que nas listas que se apresentam a votos há, mais uma vez, demasiada renovação de nomes.
Por mim, aquela clique corrupta que nos tem governado e que se tem governado, nas Cortes e no Paço, deveria apresentar-se a votos de forma vitalícia, sem admitir gente, ou «sangue», novo: seria uma forma muito simples e pragmática de confinar o incêndio, e de evitar que, com a sucessiva sedução de «jotas» e de carreiristas precoces, o cancro fizesse, como faz, as suas metástases entre aqueles de que depende o futuro da comunidade.
De cada vez que vejo um jovem promissor embarcar na imoralidade do carreirismo político e no mercenarismo prostibular da venda de convicções íntimas a troco de benesses, vejo uma porta fechar-se para uma realização profissional discreta e honesta, para uma vida de dedicação sincera a valores e a pessoas, para uma vida de aperfeiçoamento e de superação: e vejo abrir-se a janela da psicopatia ostentativa, do exibicionismo, da dissimulação, da paranóia, do servilismo, do sentido verdadeiramente pejorativo que pode ter a noção de egoísmo.
Infelizmente, é este «desgoverno do mundo» que erige os idola fori, e a doutrinação deixa muitos desses jovens permanentemente atordoados para aquilo que é uma vida verdadeiramente útil e louvável –atordoando-os também com os torrõezinhos de açúcar que lhes estende depois de cada habilidade completada na coreografia do parasitismo oligárquico (para o qual a doutrinação serve precisamente de libretto).
Lembro-me, em suma, daquela lapidar advertência de Melville em Moby Dick: "Be sure of this, O young ambition, all mortal greatness is but disease".

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