Leio numa revista cor-de-rosa que o escritor Lobo Antunes se apaixonou por uma brasileira algo mais jovem do que ele. A confirmá-lo, umas fotos de uns beijos que ficariam bem no final do Cinema Paradiso. Com o flagrante delito tão copiosamente documentado, passo à prosa: ele, de 66 anos feitos (mas com um aspecto bastante acabado, denotando quilometragem correspondente a 88, pelo menos), apaixonou-se por uma académica brasileira, de 31 anos (bem conservadota). Ena pá, 35 anos de intervalo é obra! Ó Lobo Antunes, não haverá por aí um nadinha de «complexo Nosferatu», ou pelo menos de «síndrome do Porsche»?
Mais interessante é que a referida brasileira está a ultimar uma tese de doutoramento… sobre a obra de Lobo Antunes. Percebe-se de imediato o modo como se conheceram, e resta-me aplaudir a probidade científica da jovem académica, que resolveu investigar tão a fundo o seu tema, que tomou o tema tão a peito – coisa, se não inédita, ao menos inusual. Outros plagiam ou encomendam as teses a «shadow writers»: ela não, fez-se à estrada e meteu as mãos na massa (se me é permitida a expressão).
Mais interessante é que a referida brasileira está a ultimar uma tese de doutoramento… sobre a obra de Lobo Antunes. Percebe-se de imediato o modo como se conheceram, e resta-me aplaudir a probidade científica da jovem académica, que resolveu investigar tão a fundo o seu tema, que tomou o tema tão a peito – coisa, se não inédita, ao menos inusual. Outros plagiam ou encomendam as teses a «shadow writers»: ela não, fez-se à estrada e meteu as mãos na massa (se me é permitida a expressão).
Parece-me que um pouco de equidade reclama, todavia, um protesto contra a deontologia investigativa da jovem brasileira. De facto, como podem competir com ela, em meios disponíveis e acesso às fontes, aqueles que investigam a história dos faraós, ou mesmo a obra literária de Cervantes? Acho que o júri, no momento de apreciar a dissertação da jovem brasileira, devia descontar-lhe o enorme «handicap» que, com todo o mérito embora, ela logrou alcançar: a menos que o júri esteja composto exclusivamente de incuráveis românticos, a mandarem a igualdade às urtigas e a verterem uma lagrimita solidária por estes conúbios da Primavera com o Outono (a puxar mais para Inverno).
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