O novo Ashram minimalista

domingo, 2 de agosto de 2009

A feira do anti-plágio

Descobri há dias (melhor, confirmei, que já mo tinham dito) que os académicos da Beira Litoral andam num frenesim de zelo anti-plágio.
É um zelo louvável, aparentemente, na condição de que não se torne doentio – porque qualquer pessoa sensata reconhecerá que, com o furor predatório destravado, é fácil cair-se na monomania e passar a farejar carniça em qualquer recanto, até nos locais mais asseados.
Depois de ouvir um confrade especialmente calaceiro e limitado a enaltecer as suas proezas venatórias, fez-se-me luz.
A nova atitude corresponde essencialmente à vontade de não ler trabalhos académicos – tem paralelo na atitude dos juízes que se lançam desesperadamente na busca do mais ínfimo lapso ou incidente processual para bloquearem o processo e não terem que tomar decisões sobre o mérito das causas.
Dizia-me o ornamento da Lusa Atenas: "agora, sempre que recebo uma dissertação vou a correr ao Google, a experimentar algumas frases-chave". Olha que bom! Se houver alguma coincidência, crismamo-la de plágio, e podemos voltar a dormir!
A morte do pensamento regressa a passos largos àquele bastião académico, agora com pretextos policiais. Vou reler o que Eça dizia acerca daquela cidadela, aparentemente consagrada a Minerva.

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