Agora que a) o nosso "Reformado de Belém" vai dar os seus infelizes palpites para a Turquia e que b) os islamofóbicos (e judeofóbicos, e fóbicos de tudo o que mexe) avançam com o tique paranóico de quererem simbolizar algo com o veto à entrada da Turquia na EU (como se a pertença a esse negócio fosse um grande galardão civilizacional), lembrei-me de uma polémica em que me envolvi com dois exímios «blogadores», e não resisto a transcrever uma passagem (foi em 28 de Junho de 2007):
"Já uma vez sustentei aqui que deveríamos louvar o legado de Ataturk, um visionário que salvou a Turquia e a Europa, por alguns decénios, do embate directo de um medievalismo fundamentalista que teria, sem ele, florescido muito mais cedo. Haverá, por outro lado, turcos que abominam a Europa e que querem abraçar a causa islâmica radical – mas nisso não se distinguem de milhões de centro-europeus, que andam fascinados com o fanatismo islâmico; mas há muitos turcos que são mais europeus do que eu, e mais prontos a baterem-se pelos valores da Europa – valores para os quais, insisto, eles tanto contribuíram nos últimos 2500 anos.
Se a questão é económica […], ou não é, pouco me importa, porque estou convencido de que a Turquia ficaria a perder com o negócio, e aí novamente aconselharia que não entrasse, e que nós saíssemos.
O que me importa é a «turcofobia» que parece querer hoje desempenhar as tradicionais funções de afirmação de coesão interna através da identificação de párias; e nem sequer estou a alinhar num processo de intenções, porque sei muito bem que, da perspectiva dos «identitários» que queriam profissões de fé na «Constituição Europeia» (ou lá como se chamava esse aborto jurídico), também os portugueses são um país de trolhas e sopeiras, de boçais «turcos do ocidente», para serem mandados por um governo e uma presidência centro-europeus (com muita nostalgia «gibelina» de Sacros Impérios e de Batalhas de Lepanto)."
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