O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 18 de julho de 2008

O Alzamiento e os Pat Buchanans deste mundo (ou, Derrotismo para Tótós)

Celebra-se mais um aniversário do Alzamiento Nacional, o início formal da Guerra Civil de Espanha.
Se houvesse justiça, deveria uma tese começar a formar-se, na linha, mutatis mutandis, dos argumentos que Pat Buchanan utilizou para Churchill (na essência: Hitler invadiu a Polónia, semeando o terror - mas que é que a Grã-Bretanha tinha que se intrometer? e os EUA, mais tarde, de se envolver? afinal... eram só polacos)
No caso espanhol, os rojos andavam a matar gente, andavam a semear o terror, mas não constituíam uma ameaça para o Exército em geral (uma boa parte dele cúmplice), e em particular para as tropas aquarteladas em Marrocos (demasiado distantes). Logo, Francisco Franco devia ter assistido impassível à sedimentação do regime republicano e à perpetuação do terror, mais a mais no seio de um regime legitimado pelo voto, porque a violência praticada sob esse regime não lhe dizia respeito, no sentido de que não lhe batia à porta. Franco não o fez, revoltou-se: logo, a culpa principal do conflito deve-se ao seu belicismo inconformado.
Por quem os sinos dobram? Não por mim!, não por mim!, protestará Buchanan, ao qual aparentemente não impressionam a violência e a morte que atingem os outros (pelo menos, alguns outros), desconhecendo por isso o «direito de ingerência humanitária», hoje o sucessor das velhas alianças ofensivas e defensivas e o corolário lógico do direito de legítima defesa alheia, pacificamente aceite pelas ordens jurídicas de todo o mundo. Na singular perspectiva de Pat Buchanan, quem reage à violência alheia é que é o culpado da violência (convenhamos que há aqui uma ressonância de Hannibal Lecter...).
Em boa coerência, em suma, os «Buchanianos» deveriam condenar Franco. Mas esses fãs de Pat Buchanan repudiarão decerto esta aplicação da «doutrina derrotista Buchanan» ao caso do Alzamiento franquista: hão-de preferir, como se adivinha, o «dois pesos, duas medidas», o «double standard»; o próprio Buchanan também, não duvido.
O que eles não toleram em Churchill, aplaudem-no em Franco. Muito subtil.

1 comentário:

Anónimo disse...

Desde el Balcón de los Reyes, en la Plaza de Oriente, se escuchó el grito "¡Bendita sea la madre que te echó al mundo!

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