O novo Ashram minimalista

sábado, 12 de julho de 2008

Aproxima-se a hora

«Mens cujusque is est quisque»: uma divisa ciceroniana, imortalizada através da sua adopção por Samuel Pepys, o memorialista e o primeiro bibliófilo moderno. «Cada um consiste naquilo que a sua mente é», numa tradução aproximada.
Não somos, pois, o nosso retrato, mas antes algo de mais fundo e permanente, uma forma de perceber e interagir com o mundo através de um «eu» que, por meio de sonhos e recordações, presume de ir atravessando inalterado o tempo, numa espécie de fidelidade circular e surda.
Daqui a horas vou rever a pessoa que, depois dos meus pais, mais contribuiu para que eu me tivesse tornado no que sou, mais trabalhou a minha mente quando ela era ainda imensamente permeável e dúctil. Nunca imaginei que pudesse revê-lo, em criança fazia-o velhíssimo e já passaram demasiados anos; sinto que vou reencontrar-me, mas ao mesmo tempo tudo me parece improvável e irreal.
Não há palavras para descrever a emoção.

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