O novo Ashram minimalista

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A Universidade Pós-Bolonha – Ano I

Pois o mundo está para quem queira implementar. Antigamente não se sabia disso, e por isso é que o progresso, quando havia progresso, era tão lento.
Implementar é o santo e senha de todos os adeptos da «formação ao longo da vida», que, dizem os maldizentes, é uma forma de se enganar o povo, fazendo-o pagar a vida inteira por uns bochechos de informação debitados por uns imbecis que as obtiveram, minutos antes, de um artigo da Wikipedia.
Uns imbecis mal pagos, acrescentam as más-línguas, que a mais-valia capitalista (hoje benevolamente designada por «overhead»), essa reverte para uns bonzos que congeminaram tudo isto.
Quando esses bonzos produziam sabão e adubo, eram conhecidos por «capitães da indústria»; agora que produzem «saberes e competências», pertencem a «comités de sábios» (por pudor, juntam sempre ao comité um membro que não rouba, e isso confere alguma solenidade ao conjunto).
Ingressado o paisano nessa cadeia da «implementação», são-lhe dados textos para «analisar», e se não lhe ocorrer fazer qualquer crítica aos textos ou ao critério de escolha desses textos, ou se não lhe ocorrer qualquer dúvida sobre a relevância de tanta tirada balofa para a sua «formação», e de tanto palavreado traduzido para o «longo da sua vida», o paisano tem aproveitamento: não se sabe ainda se «implementará» qualquer coisa (requer-se para isso um esforço adicional), mas os bonzos recebem logo uma «acreditação», passam a figurar no «ranking» e dizem aos amigos, enquanto palitam os dentes, que as suas instituições têm «boa governança» e são bastiões da «cultura de excelência».

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