O novo Ashram minimalista

terça-feira, 17 de junho de 2008

Portugal, allez

No Prós e Contras falava-se de futebol. Estou saturado, e agradeço apenas ao futebol o ter-me permitido andar à vontade pela FNAC do Chiado no fim da tarde de Domingo, antes de ir matar saudades do restaurante vegetariano logo ali ao lado.
Por mim, é melhor falar-se de futebol do que falar-se de exércitos e de inimigos e daqueles feitos gloriosos que cheiravam a ranço e que, estudados mais de perto, eram invariavelmente duvidosos. Pior, havia muita gente aleijada, mortos também.
Excelente religião civil, como aquela que Jean-Jacques Rousseau tinha congeminado num intervalo tacitista. Nos meus momentos mais misantrópicos e elitistas, agradeço que as massas andem amansadas, atordoadas, com esse ritual estridente.
Chego a perdoar, no meu íntimo, que esse exercício circense sirva de capa a tudo o que é venalidade e corrupção e sublimação mercenária de instintos patrioteiros – é um preço a pagar para eu me sentir menos solidário, logo mais livre, em relação à rapaziada que, à falta desse entretenimento, tem o hábito censurável de congestionar alguns locais pelos quais gosto de passear à vontade.

1 comentário:

Bic Laranja disse...

Aproveita-se a tarde, sim senhor. A bola como prestidigitação também tresanda a ranço.
Conso
Cumpts.

Arquivo do blogue