O novo Ashram minimalista

terça-feira, 29 de abril de 2008

Liderança e Austeridade na Direita Portuguesa

Muito judiciosas observações, as de Manuel Azinhal, sobre a falta de perfil jansenista (por assim dizer) dos líderes a que a «direita» portuguesa tem pago o seu tributo (AQUI).
Tem toda a razão quanto aos supostos líderes da moribunda direita pós-Império, uma remonta de fanfarrões e de psicopatas ostentativos, nenhum deles similar sequer ao paradigma da singularidade salazarista do líder "austero, grave, autoritário, trabalhador, culto, avesso à multidão" a que aludia, agora mesmo, um generoso paladino do liberalismo nativo (AQUI).
Eu acrescentaria que, com algumas raríssimas excepções, a causa reaccionária foi sempre encabeçada, entre nós, por coloridos demagogos muito mundanos, indolentes e truculentos: a tradição remonta, pelo menos, ao gangsterismo com que se aliou o miguelismo primitivo (mas esse ainda por razões atendíveis de urgência), e bate o pleno com a própria «entourage» de Salazar, em contraste com a qual a singularidade do feitio do ditador ainda se torna mais impressionante: um port-royalista decaído (pela vanglória do mando e pelos aguilhões da carne), rodeado de uma verdadeira galeria rabelaisiana. Mais não digo porque os descendentes estão vivos e conheço muitos, mas a história da venalidade e da dissolução de costumes na «Corte de Salazar», se pudesse ser escrita, dava inúmeros e suculentos volumes. De vez em quando levanta-se uma ponta do véu, mas são geralmente «outsiders» prenhes da verrina esquerdóide, e isso mata o filão à nascença. Paciência, ficará o silêncio – e talvez seja esse silêncio cúmplice que por vezes é mal interpretado como «gosto pela austeridade»...

1 comentário:

Manuel disse...

Como era de recear, o Jansenista usa de muito maior severidade que eu.
E depois afastou-se para outros territórios onde eu não entrei...
Consigno para os devidos efeitos que não o posso acompanhar.

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