O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 11 de abril de 2008

A Crónica que não escrevi: Eu e os Livros, IX


Não me recordo bem do resto da conversa, agora que percorro serenamente a estrada para Norte – sucedem-se-me na memória folios (bifolia, melhor), quartos, octavos, sextodecimos, de cópias beneditinas de Boécio à Biblia Polyglotta da editora Plantin/Maretus (Hebraice, Chaldaice, Graece & Latine), em opulentas encadernações com chapéus cardinalícios e registos da Biblioteca Clementina.
Discutimos a forma da nova biblioteca alexandrina – uma peneira inclinada ou um gigantesco dim sum ao vapor? –, a sua ressonância euclidiana-pitagórica, e, por ser em Alexandria, as evocações dos miniaturistas e do gigantismo helenístico e a imagem bem-ordenada de um mundo ptolemaico (mais do Almagesto do que da dinastia homónima).
Contrastámos, já em plena onda tipofílica, a elegância arejada de Aldus Manutius (folheámos um fac-simile da Hypnerotomachia de Collona) e a linhagem que passa por Nicolaus Jenson e William Caslon, por um lado, com a barbárie sombria da «fraktur» germânica, por outro lado, uma linhagem agreste multiplicada em sacramentários, em libri chronicarum, em summas e breviários, o todo adensado pelo caos de interpolações e glosas, de aparato, de vinhetas da vida castelã (abrimos uma excepção para alguns Livros de Horas e para a estética celta dos copistas de Lindisfarne e de Skellig Michael).

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