O novo Ashram minimalista

domingo, 6 de janeiro de 2008

A correlação leque salarial / desenvolvimento económico

Em Portugal, os «gestores» ganham em média 32 vezes mais do que os trabalhadores menos bem pagos nas suas empresas. Em Espanha o «abanico» reduz-se para 15 vezes, na GB o leque salarial baixa para 14 vezes e na Alemanha os gestores não ganham em média senão 10 vezes mais do que os seus trabalhadores menos bem pagos.
Não há aqui nenhuma coincidência, a correlação é muito reveladora do nosso atraso económico.
Não compreendo, por isso, a acusação de demagogia que Pacheco_Pereira, normalmente pessoa muito lúcida, lançou ao Sr. Cavaco, que normalmente o não é, a propósito deste tema da remuneração dos gestores.
Qualquer conhecimento mínimo da realidade «empresarial» portuguesa demonstra o quanto a disparidade é desmoralizadora e indutora de ineficiência. O trabalhador tende a não respeitar muito o gestor que vampiriza a empresa ou que não se coíbe de ostentar, ao menos no parque de estacionamento, a sua fortuna: pode sentir, por ele, inveja ou medo; não respeito ou lealdade. Bastaria a Pacheco Pereira ter perguntado a um qualquer trabalhador da PT que conheça os recantos do edifício de Picoas.

1 comentário:

F. Penim Redondo disse...

Ou muito me engano ou as motivações de Cavaco, no seu discurso de fim de ano, são "apenas" de tipo moral e profissional. Ele não disse que o excesso ganho pelos gestores deveria ser distribuído pelos restantes trabalhadores e, por isso, parece-me que se equivoca quem vê nele uma "preocupação social".

Cavaco acha que é imoral a diferença entre os salários dos gestores e os dos meros trabalhadores, talvez porque pode criar mau ambiente de trabalho. Ele também pensa provavelmente que muitos gestores são incompetentes e que por isso não justificam o seu vencimento. Em qualquer dos casos está preocupado com a rentabilidade das empresas.
Cavaco nada disse sobre os lucros dos accionistas. Os gestores, pelo menos em teoria, contribuem para o sucesso da empresa. Até são, em muitos casos, também trabalhadores assalariados.
Para equilibrar os salários dos gestores com os dos trabalhadores comuns Cavaco podia, em alternativa, ter proposto a diminuição dos lucros.

Cavaco não tocou nos lucros dos proprietários, que nos últimos anos têm crescido em muitos sectores.
Apenas tentou reduzir os salários de uma parte, a mais bem paga e mais invejada, dos trabalhadores.
Mais uma medida de proletarização das camadas médias ?

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