Às vezes, desintoxicado dos meus hábitos internéticos (férias são férias são férias), interrogo-me se, e como, devo prosseguir na conversação algo «louche» que é a blogosfera. Feroz individualista que sou (nos meus hábitos mentais, entenda-se), pergunto-me se devo ceder à complacência de um clubismo «cozy», ao conforto «middle-brow» da prática de admiração recíproca – e depois lembro-me que o que tenho feito não é bem isso, é mais uma partilha unilateral que se compraz, em termos de retribuição, com espreitadelas irónicas em blocos de notas alheios. Sinto que, ou julgo que, não tenho sido clubista: se leio poucos blogues é por simples preguiça, por vezes sigo sugestões alheias e lá vou eu espreitar mais longe, e aprendo e censuro a minha preguiça. Diria antes que há a anti-complacência de um anti-clubismo (a menos que isto seja mais uma forma recôndita e oblíqua de complacência): o que eu aprecio é a discussão e a discordância, e o encontro casual, em briefings de fim de noite, de randonneurs que têm a partilhar comigo a irredutibilidade dos seus trilhos individuais, nada reclamando em troca. «Louche» para conversação, decerto, mas não é todos os dias que se arranja uma forma tão compacta e densa de aprendizagem e partilha entre pessoas que tendem para trajectórias centrífugas, para a anti-conversação.
O novo Ashram minimalista
sábado, 1 de setembro de 2007
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