Ler e reler David Lodge (acabo de ler, de um jacto, as quatro sátiras à academia, melhor, ao «turismo académico», com muita promiscuidade à mistura: Changing Places, Small World, Nice Work e Thinks...) é uma experiência extremamente gratificante – em especial para pessoas que se prezam de alguma sofisticação, de algum aggiornamento cultural (e não fiquem neuróticas com tanta e tão obsessiva referência à hiper-sexualidade «pandémica»). Um exímio manipulador de referências e de técnicas narrativas, misturando a titilação da sensualidade com o humor, com a observação sagaz / sardónica, com a força do testemunho introspectivo, com a ostensiva imersão no «spleen» da modernidade mais «pós-», mais vanguardista, mais ciente do turbilhão cultural circundante, mais «in», que é possível imaginar.
E no entanto... o artifício é ainda aparente, descobrem-se com demasiada facilidade os anzóis narrativos, as alusões deliberadamente adoçadas, as teias conduzindo ao dénouement de forma porventura demasiado visível e previsível (às vezes soa-me a roteiro de filme, já a esperança da consagração em Hollywood, ou ao menos do novo cinema «indie»). Talvez o fruto do excesso de sucesso, fazendo descambar o talento na torrente narrativa, na prosa a metro, tornando demasiado tentador, inebriante, o recurso a muletas, a piscadelas de olho, a maneirismos – para ganhar tempo na conclusão de sucessos de vendas garantidos, para facilitar a digestão cinematográfica. Lembra-me de uma alusão que li numa biografia de Evelyn Waugh, no qual se referia que a prosa castigada deste procurava (e nem sempre conseguia...) colocar-se nos antípodas da "fatal facility of the second-rate". Depressa e bem...
E no entanto... o artifício é ainda aparente, descobrem-se com demasiada facilidade os anzóis narrativos, as alusões deliberadamente adoçadas, as teias conduzindo ao dénouement de forma porventura demasiado visível e previsível (às vezes soa-me a roteiro de filme, já a esperança da consagração em Hollywood, ou ao menos do novo cinema «indie»). Talvez o fruto do excesso de sucesso, fazendo descambar o talento na torrente narrativa, na prosa a metro, tornando demasiado tentador, inebriante, o recurso a muletas, a piscadelas de olho, a maneirismos – para ganhar tempo na conclusão de sucessos de vendas garantidos, para facilitar a digestão cinematográfica. Lembra-me de uma alusão que li numa biografia de Evelyn Waugh, no qual se referia que a prosa castigada deste procurava (e nem sempre conseguia...) colocar-se nos antípodas da "fatal facility of the second-rate". Depressa e bem...
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