Um pobre estrangeiro vadio fala sobre as Sete Maravilhas da Blogosfera

Agradecendo a gentileza de uma nomeação para as Sete Maravilhas da Blogosfera (LER), e exonerado, pela nobreza do Nomeador, de fazer outro tanto, vou para uma versão impessoal de sete maravilhas:
Para mim são maravilhas:
1) Ver gente exprimir ideias sem exigir reciprocidade nem benefício mercenário, pelo puro gozo de fazê-lo.
2) Ser conduzido gentilmente por pessoas cultas para fora do círculo de giz dentro do qual o meu conhecimento anda às voltas, buscando monotonamente confirmações – ser guiado para descobertas sem ser forçado a aturar cicerones chatos (daqueles que amuam com a falta de contágio do entusiasmo que sentem).
3) Lidar com inteligências de certo modo descarnadas e incorpóreas, dispensando-me daqueles rituais de alisamento de plumas e de pinotes de aves do paraíso que são tão facilmente discerníveis na linguagem corporal, quando as pessoas se encontram ao vivo, nos seus «invólucros», nos seus «liames mortais» (sic).
4) Poder encontrar-me com pessoas sem esperar por elas, sem passar meia hora ou mais com ar alarve olhando para o relógio e interrogando-me se não fui eu que entendi mal a hora combinada.
5) Poder conversar lentamente sem a tal hora marcada, mas também sem ter que mostrar muito repentismo, muita frase fácil, nem ter que amargar muito «esprit d'escalier» (ai, eu devia ter dito isto, que pena não me ter ocorrido logo).
6) Poder partilhar ideias sem ter que aturar o tabaco, o hálito de vinhaça, o cheiro de pés e sovacos ao Sol impiedoso de Lisboa que costumam chegar, em golfadas, da mesa ao lado.
7) Não ter que nomear as sete pessoas em quem mais confio neste diálogo virtual, porque elas e eles sabem quem são (talvez sejam mais, talvez sejam menos do que sete, mas cada um tem essa maravilhosa capacidade de ver-se representado nos primeiros sete).