O Ministro-qualquer-coisa quer ser chamado pelo nome próprio, e percebe-se-lhe o tique estrangeirado. Compreendo o alarme social, num país em que todos temos nomes longos como os dos príncipes, e vergamos ao peso dos títulos.
Relativizemos:
a) Na Alemanha a coisa é bem pior, e os pedigrees aparecem incorporados no nome, com arte e panache: as pessoas anunciam-se a elas mesmas com os títulos de nobreza de sangue ou noblesse de robe, e transbordam de vaidade com isso.
b) Na tradição anglo-saxónica predominam efectivamente (com excepções) os nomes curtos e a igualização do "Mr.". Mas que ninguém se iluda com a forma: tentem alguma familiaridade com esses ornamentos da nação de "windbags" e de "arrogant pricks", e verão o que vale o tão republicano "Mr."…
Por mim, uma nação de "Drs.", agora arvorados em "mestres bolonhenses", serve-me perfeitamente: se isso os alegra, se isso lhes incute algum sentido de civilização, tanto melhor, é preferível a cuspirem na sopa ou a baterem na patroa e nos catraios. Quando acabarmos de sair do século XIX, coisa que ainda não conseguimos alcançar, talvez nos lembremos de prestar menos atenção à ostentação de privilégios – sobretudo quando, vencido o analfabetismo maciço, eles deixarem de ser verdadeiros privilégios.
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