O novo Ashram minimalista

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um país poceirão


Quando pensamos que das próximas eleições sairá mais do mesmo, custa a entender o tom da indignação com os vira-casaquismos – que só agora começam, e se multiplicarão pelos meses mais próximos.
O Dr. Nobre, encostado no capital de reputação que lhe advinha da "indústria do altruísmo", resolveu agora liquidar os seus créditos numa comedoria qualquer. Que mal há nisso? Não é melhor ou pior do que qualquer outro, apenas cai (para os que se iludiam com ele) de mais alto no pântano do mercenarismo.
O país não está assim: o país é assim – reles, molenga, arranjista, abjectamente sobrevivo. Provoca um tédio mortífero, que nenhum valor consegue abalar.
Recostamo-nos todos nas nossas certezas aburguesadas de que no fim alguém cuidará de nós, e é com um misto de apatia e pavor reprimido que vemos os outros, todos, um a um, a genuflectirem perante o prato de lentilhas. Censuramo-los com veemência até que chega a nossa vez, e formulamos o preito de menagem com aquela íntima revulsão que nos faz conservarmos a ilusão de que, apesar de tudo, a liberdade se preservou.
Hoje tornámo-nos todos em Dr.s Nobres. Ele apenas percebeu a coisa antes de nós.

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