O novo Ashram minimalista

sábado, 19 de março de 2011

Ofício de comentador


Curioso o pânico contido dos comentadores habituais perante a manifestação «demagógica» dos «à rasca». Tudo o que não venha já «enlatado» e «entalado» pelo espartilho oligárquico, pela disciplinazinha partidocrática, pelo respeitinho pela marca registada, merece a mais viva repulsa, que a ordem estabelecida à sombra dos «idola fori» estrebucha quando se sai fora do figurino.
«Espontaneidade», essa, só a encomendada pelos monopolistas da coisa, os detentores do alvará «revolucionário», que vão tocando a carneirada por praças e avenidas ao rufar saudoso dos tambores de há 35 anos. Coisa de mor espanto - não é? -, que não se protesta já como soía!
Ocorre-me a ideia de «wohlgeordnete Freiheit», a liberdade bem-ordenada a que aludia Kant - o mesmo que venerava Jean-Jacques Rousseau e ironicamente reconhecia que a paz perpétua pode designar tanto um projecto nobre e remoto como as campas de um cemitério, desenhadas na tabuleta de um albergue.

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