O novo Ashram minimalista

segunda-feira, 14 de março de 2011

Baltazero, crónica mundana


Vejo nos noticiários assomar a face prazenteira de um velho conhecido, agora candidato a leão-mor. Ao tempo que não o via. Está na mesma!
Leão-mor já o era há vinte e tal (ou será trinta e tal?) anos, quando, com toda a evidência, gozava do estatuto do mais bem sucedido predador da selva noctívaga lisboeta.
Um seu antecessor (e, ao que sei, apoiante) na causa leonina tinha mais reputação. Mas, creiam – de ver claramente visto – que não se comparava a este campeão, no que toca a taxa de penetração no mercado e a taxa de cobertura do território.
O homem era, digamos, sistemático. Qual Hans Rudel na frente russa, nenhum blindado lhe resistia. No fim de noites de estúrdia e dissipação em boîtes da moda (às quais, confesso, assisti), a fila da clientela ajuntava-se, direi mesmo, acamarinhava-se, junto do grande artista, e ele pura e simplesmente nada indeferia. Como nos fuzileiros, ninguém era deixado para trás.
Nós, admiradores invejosos, chegámos a pensar que por alcunha tinha tomado um verbo transitivo ("mais uma que é baltazada…"), e não poucos procuraram ir à boleia do sucesso (às sobras, como soía dizer-se). O homem era amigo do seu amigo, e de uma inesgotável generosidade. Diria mesmo que, em matéria de alcova, lhe puxava para o socialismo.
Presumo que nessas matérias ande mais sossegado, que a idade não perdoa; mas nunca se sabe. A agremiação leonina que se acautele (Achtung!), não vá acontecer-lhe como ao batalhão de vítimas – das mais tenras bacorinhas às mais calejadas onças – que outrora lhe cruzaram o caminho.

Sem comentários:

Arquivo do blogue