Ludwig Wittgenstein era um místico, profundamente interpelado pelas possibilidades de designação e recriação do mundo através da linguagem (o "1º" Wittgenstein), que um dia cortou as amarras e se tornou num puro e radical nominalista, com um soupçon de cepticismo (o "2º" Wittgenstein). O "1º" demoliu o projecto de fundação da matemática através da lógica (Russell & Whitehead tiveram a honestidade de reconhecê-lo). O 2º evidenciou o carácter arbitrário, puramente consuetudinário, das "âncoras lógicas" nos "jogos de linguagem".
Ele ficará como um dos grandes "trituradores" do projecto de glorificação da lógica que animou efemeramente os círculos do positivismo analítico.
Ludwig Wittgenstein via a lógica (como a linguagem) como uma escada descartável, para chegarmos a um patamar (para lá do qual, como em Kant, a evocação mística ou a estesia poética recobravam plenamente os seus direitos). Não pode dizer-se senão que a lógica é, nele, muito subalternizada.
Podemos, pois, acordar sem termos que chegar a acordo.
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