O novo Ashram minimalista

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Democrata-Cristão de Santa Comba

Anda aí a ser ferozmente promovido um livro sobre Salazar com pretensões a biografia. Talvez o leia um dia, quem sabe.
Mas para já fico horrorizado pelo facto de o autor andar a propalar a ideia de que Salazar era um democrata-cristão.
Cristão era, mas ficamos por aí; não era democrata, era anti-democrático por convicção, e só muito tardiamente revelou, e mesmo assim de forma ardilosa, alguns complexos por essa posição assumida; e, para um homem cujas convicções básicas se consolidaram (e, sim, congelaram) nos anos 20 e 30, dizer que era democrata-cristão faz tanto sentido, é tão apócrifo, como dizer que era um defensor do disco sound, da glasnost ou do Google.
Mal por mal, se é para ficarmos por essas conjecturas bacocas (de ignorância, ou de má fé, ou ambas), prefiro os novíssimos "Salazar engatatão" e "Salazar maçon", e o mais que virá ainda.
Agora essa do democrata-cristão é uma afronta ao homem – um dos poucos portugueses, aliás, que no meio de tempos ideologicamente conturbados nunca deixou de mostrar que sabia perfeitamente o que era e como pensava.
EM TEMPO: Já sei que pode argumentar-se com o CADC - mas a designação nada tem a ver com a democracia-cristã de que hoje falamos, e que nasce no rescaldo da segunda guerra. Quanto ao argumento de que a "democracia-cristã" pré-45 não era democrata... isso equivale a crismar como democrata-cristão todo o cristão que à época se dedicasse à política, independentemente das suas convicções... logo, equivale a inutilizar o rótulo. Voltamos ao mesmo.

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