O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Afinal, proibir o sofrimento é que é "pisar o risco"



O plumitivo Fernandes acoita-se agora, aparentemente sem qualquer ironia, numa noção peculiar de "liberdade marialva", contra a qual, confesso, se torna penoso argumentar. Mas aqui vai:

Sr. Fernandes:
Deixe lá o espectáculo da auto-comiseração. Já percebi que acha que na origem disto tudo estão os animais e o seu “sofrimento”, e os “imbecis analfabetos” são os pobres jansenistas preocupados com a saúde dos touros. E o outros são uns selvagens e bla, bla, bla. Nem sabe quantas vezes já ouvi isto. Mas também conheço muita gente que, mesmo rejeitando as corridas de touros e desejando o seu fim, não pisam o risco da proibição. Por isso, condoa-se à vontade com o sofrimento dos touros. Não venha é com proibições…
Ah, e em Espanha não há essas “mariconadas” das limonadas. Na praça, puros e gin tónico (lamento, mas tenho que que manter a pose e ostentação, não é? Sibarita até ao fim…). É um oásis numa Europa de meninos.

Sr. Jansenista:
Sr. Fernandes, onde está a auto-comiseração? De eu ter adoptado para mim os epítetos que o Sr. tão alegremente bolsou sobre quem não alinha em cevar os seus apetites sanguinários?
O Sr. entende que “proibir” é “pisar o risco”? Ó libérrimo Sr. Fernandes, agora é que se erguem em aplauso os sádicos, proxenetas, negreiros, torcionários e algozes do mundo! É verdade, eles também não querem ser proibidos! Eles acham que o Direito Penal é um recuo civilizacional, é um “piso no risco”.
Causar sofrimento não é pisar o risco: proibi-lo é que é! Átila o Huno teria delirado com o Sr. Fernandes. Até a banda pedófila arrancaria em pasodoble com essa defesa das “liberdades”!
Quanto às limonadas e às orchatas, lamento Sr. Fernandes mas a sua propensão sibarítica entra no delírio – porque manifestamente nunca se aproximou de um redondel andaluz ou castelhano (deve imaginar que são postos de venda do Gin Larios…). E a sua fanfarronada quanto à “mariconice” das bebidas não-alcoólicas diz volumes quanto às carências e pulsões que as suas sublimações toireiras procuram resolver. Mas não me atrevo a citar Freud, não vá aparecer outra vez o cabresto “jóia magnética do norte” a dizer, sei lá, que Freud nunca existiu, ou que é outra fraude…
Ah, e quanto à “Europa de meninos”: novamente cuidado com expressões dessas, depois de ter asseverado que “proibir” é que é “pisar o risco”…

Sem comentários:

Arquivo do blogue