Surpresa das surpresas, um Starbucks no piso térreo da Estação do Rossio! Claro que o café é péssimo, os batidos são sofríveis e os bolos lá redimem a coisa. Mas o ambiente… Que espectáculo! Uns minutos ali e começamos a ver mentalmente desfilar a Lisboa queirosiana, a balbúrdia na Brasileira, no Martinho e no Suisso (e mais tarde o Gelo, o Comodoro, o Montanha, e tantos outros), os olhos todos postos no bocal de civilização que era a Estação Terminus. Os tintinábulos de tipóias, de máquinas resfolegantes, de pregões, de correrias, tudo lambuza a imaginação, como se naquelas vidraças pudesse assomar subitamente uma Lisboa que o tempo envergonhou.
Até o café manhoso, de textura e sabor a bílis de boi (vulgo mixórdia), não deixa de evocar a chicória do racionamento. Só falta mesmo o bife nervoso a nadar em fritura requentada sob um ovo mal frito e com batatas moles para estar perfeita a viagem no tempo.
Vão lá: pode mesmo ser que me surpreendam, com ar de beatitude e de azia, a sonhar no meio daquela feérie de luz, em charlas intermináveis com os meus fantasmas alfacinhas favoritos.
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