O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Alvos errados (2)



Parece que o confrade Francisco José Viegas não gosta que as senhoras católicas queiram afirmar-se politicamente. Estranha forma de polícia doxástica, algo invulgar para quem vive da própria liberdade de pensamento e de expressão. Talvez por misoginia e crispação ele se tenha lembrado de crismar essas senhoras como idiotas inúteis, um qualificativo que, em boa justiça, deveria estar rigorosamente reservado para aqueles que, em nome dos outros, se têm arrogado governarem o país desgovernando-o.
Por mim, se é para entregar mais de metade do que produzo para impostos e depois ter como resultado o arrastar do Estado para a beira da bancarrota:
1) acho que podemos dispensar os actuais governantes e aqueles que, na oposição, já demonstraram não querer senão imitá-los, e remetê-los a todos para a casota dos idiotas inúteis;
2) acho que devemos parar para escutar essas senhoras que demonstram a suprema sabedoria de quererem viver mais no registo da moral e da religião do que no da política – até porque no fim, no cemitério, a morte há-de acolher do mesmo modo os que passaram suavemente pela vida, no temor a Deus e na prática do bem, e os que se consumiram na paixão e nas miragens postiças da "coisa política", oprimindo e negando os sonhos alheios, adulterando os projectos de realização individuais;
3) acho que, se essas senhoras pudessem mandar, teriam a sabedoria de nos manterem na ilusão de que seremos nós sempre a mandarmos – uma ilusão que faz de todos os homens, e em especial daqueles que ainda veneram o bezerro d'oiro da política, um misto de idiotas e de inúteis.

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