O novo Ashram minimalista

terça-feira, 25 de maio de 2010

A "classe" jornalística



Tal como as cigarreiras de Sevilha que, subentende-se em Prosper Mérimée, complementavam a féria com alguns favores mercenários à sombra das muralhas, por cá também há uns quantos jornalistas "enganchados" em "assessores" que buscam ganhar a vida lançando mão de "meios alternativos". Admita-se que esses ao menos ostentam a sua condição de "manteúdos", e o correspondente protector, presume-se, sempre lhes poderá pedir contas pelo "ganchinho". Pior são os "free-lancers", os herdeiros do sórdido Étienne Lousteau que Balzac desenhou como o mais vil e venal jornalista, um talento na subserviência e na chantagem e na prostituição "doxástica".
Acabo de ver uma remonta deles na TV, "ao ataque"; dois séculos depois, é a mesma gente, os mesmos balzaquianos.
"Tu as rencontré le Diable", diz Carmen a Don José, no clássico de Mérimée. E eu julgo sentir o mesmo calafrio que Don José terá experimentado naquele momento, quando vejo, "doublés" em comentadores televisivos, os nossos plumitivos locais abandonados ao seu penumbroso comércio de favores.

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