O novo Ashram minimalista

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Na morte de Inocêncio Galvão Teles


Inocêncio Galvão Teles foi meu professor em circunstâncias muito peculiares, e deve ter sido isso que me impediu de ver nele o brilho que outros lhe reconheciam: pareceu-me demasiado simplificador e superficial em assuntos que se me afiguravam, e afiguram ainda, merecedores de um pouco mais do que de meras certezas dogmáticas. Mais ainda, quando o conheci considerava-me um cultor da «Direita dos Valores», e ele era um ornamento inequívoco da «Direita dos Interesses», a precursora dos «sempre-em-pé» que hoje vemos acotovelarem-se no «centrão». Perturbava-me que um homem que tanto devia ao Antigo Regime andasse em conúbios, uns duvidosos e outros claramente censuráveis, com alguns dos artilheiros da esquerda ululante que à época se arvorava em ditadura (a falta de solidariedade com algumas das vítimas do PREC é uma mancha curricular indelével). Por fim, havia aquela gestão peculiaríssima das conexões familiares, com a prole a ocupar meticulosamente todas as tonalidades do espectro, de modo a haver sempre alguém bem posicionado face aos ventos dominantes.
Enfim, paz à sua alma: um bom professor, um patriota, mas um dos derradeiros símbolos da pior face da direita situacionista.

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