Não me considerando pessoa particularmente sofisticada nos modos, confesso que não resisto aos encantos de uma companhia elegante, de uma conversação polida, de uma ironia fina, de uma lição de vivências criativas filtradas pela interiorização de uma moral cuidada. Sucedeu-me isso hoje, num breve mas delicioso jantar "à quatre", com gente do mais "soigné" e "sage" que pode encontrar-se neste burgo – no qual a mundanidade tende a gravitar em torno de frases de circunstância, de ostentações postiças e de petulâncias vápidas.
Hoje a conversa deslizou para um lacado de muitas demãos, para um cloisonné delicado, para um suave exercício de contenção que emergiu de respeito mútuo e de muita confiança – um casal de profissionais brilhantes desdobrando-se em observações "adroites" e nós tentando segui-los num "repartee" pronto mas descontraído.
Um jantar curto, sóbrio, sem o verniz friável da ostentação ou o sobressalto da impaciência – de quatro pessoas que ficaram a estimar-se ainda mais apesar de se estimarem há muito.
Pena que a vida não possa ser toda assim, levemente ascensional: tornar-nos-íamos melhores uns aos outros.
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