O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O estranho caso do Zepelim Antunes que faz sombra no mar


Ontem, na TV, Lobo Antunes fez um esforço heróico para esboçar um sorriso.
Pareceu mesmo, por momentos
(Ó pá, Lobo Antunes, as vendas estão a ir pelo ralo, faz qualquer coisa!)
que ele ia ironizar consigo mesmo
(o ar nefelibata-dispéptico com um soupçon de tédio incurável pareceu vacilar)
mas acabou por triunfar o mesmo peso irremovível de queque caduco e brasonado das hortas de Benfica
sabe», «sabe» – e a muleta démarreuse já tempera o mais irritante «percebe», «percebe»)
(zzzzzzzzzzzzzzz, "eu comovo-me sempre que percebo que ninguém me compreende")
(zzzzzzzzzzzzzzz, "acho, sabe, que só me compreenderão daqui a uns séculos")
Mas o momento alto foi quando, conseguindo eu desviar os olhos de uma figa adolescente que lhe pendia da barbela
(Ó pá, Lobo Antunes, tenta captar os leitores do Paulo Coelho – imaginamos o editor, todo engomado, a sussurrar-lhe)
ele disse, nonchalant, que durante muitos anos teve dificuldade de descer à terra, e usou uma imagem obscura (Ó pá…) de uns flutuadores de hidroavião.
Sabe, Lobo Antunes, dificuldade de descer, e durante tanto tempo, isso não será antes coisa de zepelim?

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