Um país deve orgulhar-se do seu passado – ou, na impossibilidade de fazê-lo, deve renegá-lo vigorosamente, por todos os meios, exorcisando-o (como faz a Alemanha).
A China vive um difícil «double bind»: não renega o seu passado mas esforça-se por viver contra ele – venera-o com uma intenção catártica, com a salutar hipocrisia que se reserva sempre aos símbolos banalizados, esvaziados, inertes.
A China vive um difícil «double bind»: não renega o seu passado mas esforça-se por viver contra ele – venera-o com uma intenção catártica, com a salutar hipocrisia que se reserva sempre aos símbolos banalizados, esvaziados, inertes.
Um dia o maoísmo será uma mancha minúscula num arco civilizacional pujante e criativo: a forma estilizada com que se perpetua a memória dessa mancha significa porventura somente o desejo superior de pacificação – talvez haja uma sabedoria em não se reprimir ou exorcisar vigorosamente a memória, para não se dar margem às lumpen-ideologias do saudosismo reprimido (no caso, um neo-maoísmo que não seria menos detestável do que o neo-nazismo).
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