O novo Ashram minimalista

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Do Ashram ao Carmelo

Teresa de Lisieux era uma carmelita muito especial: em vez de renunciar a tudo dizia não querer renunciar a nada. Essa estranha e irracional disposição era o motor central da sua alegria, e diz-se que é o que terá feito transparecer o seu heroísmo moral.
Confesso que ainda hoje me custa a perceber o que há de santidade nessa sofreguidão moral – habituado que estou a exaltar a alternativa mais austera e racionalizável do heroísmo da renúncia, a via de Port-Royal des Champs.
Todavia, sou capaz de simpatizar com Teresa de Lisieux – mais do que compreendê-la – sempre que sinto um amigo PARTIR. No meu mundo ideal eu negaria aos meus amigos a liberdade de fazê-lo, nunca me veria confrontado com ter que renunciar à sua companhia. É irracional – quem parte tem as suas razões –, é injusto – ficar contrariado não vale nada – e, no entanto, há qualquer coisa de positivo e luminoso nessa forma singular de empatia ditatorial: poupa-nos ao menos às sensações de vazio e de inutilidade que nos assaltam no cais de partida.

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