Há uns tempos tinha ficado fascinado com Entre les Murs, o filme mais cataclísmico da cinematografia francesa – retrata-se nada menos do que o início da derrocada do principal pilar da civilização francesa.
Nenhum país, com efeito, se fascina tanto com as virtualidades cívicas e republicanas da pedagogia do que a França, nenhum joga tanto na excelência do seu sistema oficial de ensino, nenhum insiste tanto na coerência cultural de cada sucessiva geração (experimentei-o pessoalmente in illo tempore). Nem por sombras é o melhor sistema de ensino do mundo, mas é certamente o mais meditado e o mais acaloradamente debatido. Fala-se do tema em França com o interesse que entre nós o futebol suscita.
Imagino o horror com que o bom cidadão francês assistiu à dramatização da aula de liceu como campo de batalha, como micro-cosmos de um embate civilizacional no qual todos os valores e paradigmas tradicionais são ignorados ou postos em causa por gente que ostensivamente despreza tudo o que representa a tradição cultural francesa e europeia – enquanto paradoxalmente explora, com sofreguidão e cinismo, todos os benefícios materiais que essa mesma tradição preservou e acumulou.
Motivado com a excelência comunicativa de Entre les Murs, regressei a 400 Coups (que inocente e benigno, em comparação!), ao invulgar documentário Être et Avoir, e a filmes que, sem versarem directamente o tema, acabam centrados nele, a evidenciarem onde é que tradicionalmente residiu a verdadeira alma francesa (Au Revoir les Enfants, porventura o melhor filme deste grupo).
Nenhum país, com efeito, se fascina tanto com as virtualidades cívicas e republicanas da pedagogia do que a França, nenhum joga tanto na excelência do seu sistema oficial de ensino, nenhum insiste tanto na coerência cultural de cada sucessiva geração (experimentei-o pessoalmente in illo tempore). Nem por sombras é o melhor sistema de ensino do mundo, mas é certamente o mais meditado e o mais acaloradamente debatido. Fala-se do tema em França com o interesse que entre nós o futebol suscita.
Imagino o horror com que o bom cidadão francês assistiu à dramatização da aula de liceu como campo de batalha, como micro-cosmos de um embate civilizacional no qual todos os valores e paradigmas tradicionais são ignorados ou postos em causa por gente que ostensivamente despreza tudo o que representa a tradição cultural francesa e europeia – enquanto paradoxalmente explora, com sofreguidão e cinismo, todos os benefícios materiais que essa mesma tradição preservou e acumulou.
Motivado com a excelência comunicativa de Entre les Murs, regressei a 400 Coups (que inocente e benigno, em comparação!), ao invulgar documentário Être et Avoir, e a filmes que, sem versarem directamente o tema, acabam centrados nele, a evidenciarem onde é que tradicionalmente residiu a verdadeira alma francesa (Au Revoir les Enfants, porventura o melhor filme deste grupo).
Momentos de puro gozo intelectual, passados a saborear produtos genuínos, inimitáveis, da pátria de Voltaire.
Sem comentários:
Enviar um comentário